quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Não, eu não sou.

Não sou o orgulho de ninguém da família, sempre fui aquela que na verdade sempre evitava a família e aqueles encontros familiares que sempre acabavam com todos vendo fotos antigas e rindo do que ninguém entendia. Não sou simpática como todas costumam ser, saem por aí distribuindo amizade, e dando a cara a bater pra um “Sai daqui garota!”, nunca fui de colocar a cara a bater e ver o que vai acontecer se eu fizer certa coisa. Por que nunca tive atitude suficiente. Eu não sou daquelas que passam despercebidas, quando falo, falo alto pra Deus e o mundo escutar, se não gostar do que ouviu, simplesmente finge que não escutou. Mando tomar no cu quem eu quiser, grito pra tudo. Falo alto demais, não é por querer, minha voz que é escandalosa demais. Não sou daquelas que são todas certinhas. “Aqui fica a minha caneta preta, do lado a vermelha, o meu lápis, depois a borracha pra não deixar com que tudo escorregue. Meu caderno fica retinho na mesa pois não quero que a minha letra saia fora da linha.” Eu na verdade jogo tudo na mesa me esparramo na cadeira e ainda reclamo por perder as coisas, grito lá do fundo mandando fulano abaixar a cabeça pra eu poder copiar, minha letra é uma onda, sobe e desce, sobe e desce. Não sou daquelas que quando alguém fala palavrão fica abismada, como: Ai meu Deus, não fala palavrão. Isso não pode, sua mãe sabe disso? Completamente ao contrário, quando vejo alguém que não fala palavrão é estranho. Sou a pessoa mais boca suja que conheço. “Não gosto de você” “Me chupa”. “Você é tão menino” “Vai dar e me esquece”. “Te odeio” “Awn, foda-se”. Sempre tenho as respostas na ponta da língua, como diz minha mãe. Sou boca afiada, não tente me cortar que eu vou te esfaquear e cuspir no teu corpo. Eu não sou daquelas que acha que rock é coisa do demônio, que acha que alargador, piercing entre outras coisas são do mesmo. Não sou daquelas que quer tudo certo e se alguém fizer errado tem que ser punido, já fiz várias coisas erradas, já vi gente fazendo coisa errada. Mas não posso falar, por que pra falar dos outros eu tenho que ser perfeita. Não sou daquelas que tem paciência com todos, explico uma vez, se não entendeu jogo de lado. E eu sou assim, imperfeita, bem longe de ser perfeita e nem procuro por isso” 


(Isabela Bastos)